Como
todos sabemos, nosso organismo está em constante tentativa de se adaptar ao
ambiente. No caso do sistema imune (SI), a adaptação consiste em reconhecer
possíveis agentes causadores de doenças e produzir contra eles respostas
específicas. Ou seja, anticorpos (produzidos pelos linfócitos B) e células T
ativadas contra o dado agente patogênico.
Essa
capacidade imune foi explorada no século XVIII pelo médico inglês Edward Jenner
que, ao injetar pus de feridas de vacas infectadas com varíola bovina em um
menino de quatorze anos, conseguiu imuniza-lo contra a varíola humana, uma
doença que matava muitas pessoas nessa época. A imunização só foi possível pelo
fato dos causadores da doença na vaca e na criança serem bem parecidos. Assim, o menino, ao
produzir anticorpos e linfócitos T contra o causador da varíola bovina acabou,
“por tabela” gerando medidas adaptativas eficientes contra a doença em humanos.
A
vacinação é hoje a forma mais eficiente e com melhor custo-benefício para
prevenção de doenças. Infelizmente, para que uma vacina funcione ela precisa
provocar o sistema imune com uma eficácia tal que este sistema possa responder de
forma adaptativa. Na prática, diversos fatores afetam a eficácia das vacinas
sendo uma delas a idade. Por exemplo,
para adultos jovens a vacina para a gripe tem uma eficiência de 70%a 90%
enquanto que num idoso essa eficácia é de apenas 17-53%! Além da idade
cronológica, outros fatores como ser portador de determinadas condições (ex.
diabetes, doença cardiovascular, alguns tipos de câncer, osteoporose, estresse
crônico ou depressão, consumo excessivo de álcool dentre outros) também reduzem
a eficácia de uma dada vacina.
O
exercício físico, ao contrário é um fator ambiental descrito na literatura
científica como capaz de aumentar a eficácia das vacinas. Alguns aspectos
interessantes disso é que tanto o exercício agudo como o crônico seriam capazes
de otimizar o efeito das vacinas. O exercício agudo pelo aumento temporário
(durante e/ou logo após o término) de vários aspectos da funcionalidade imune
já o exercício crônico pelo fato da imunidade ser fortalecida pelo exercício
crônico. Além do que o exercício parece só ter eficácia no caso de vacinas que
apresentam baixa eficácia (ou seja, se a vacina per se já tem boa eficácia o
exercício praticamente não influencia).
O
propósito deste texto é introduzir esse tópico é informar mais esse efeito do
exercício e não discutir, nesse momento, profundamente os artigos que tratam
desse campo de estudo (do exercício atuando como estimulador do efeito da
vacinação). Nesse sentido, para aqueles que desejam se aprofundar recomendo a
recente revisão de Pascoe e colaboradores (2013).
Serão
ainda necessários diversos estudos para que sejam estabelecidos os protocolos
ideais para que o exercício promova o máximo de resposta à vacinação. De
qualquer maneira, na supracitada revisão, conclui-se haver evidências iniciais
de que o exercício agudo (15-30 minutos antes) bem como o crônico potencializam
a resposta à vacinação, especialmente em indivíduos que normalmente apresentam
resposta imune comprometida (a maior parte dos estudos é com idosos).
Acreditamos
que essa seja uma importante era de pesquisa e que ela acabará revelando mais
um momento para a prescrição do exercício (antes da vacinação) e/ou explicando
como, pelo menos em parte, o exercício físico crônico contribui para a melhoria
da saúde via melhoria da imunidade.
Ref - Brain Behav
Immun. 2013 Oct 11.
pii: S0889-1591(13)00502-3. doi: 10.1016/j.bbi.2013.10.003. [Epub ahead of
print]
The effects of exercise on vaccination responses: A
review of chronic and acute exercise interventions
in humans.
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