Glucose and glutamine are important energetic and biosynthetic nutrients for T and B lymphocytes. These cells consume both
nutrients at high rates in a function-dependent manner. In other words, the pathways that control lymphocyte function and survival
directly control the glucose and glutamine metabolic pathways. Therefore, lymphocytes in different functional states reprogram
their glucose and glutamine metabolism to balance their requirement for ATP and macromolecule production. The tight association
between metabolism and function in these cells was suggested to introduce the possibility of several pathologies resulting from the
inability of lymphocytes to meet their nutrient demands under a given condition. In fact, disruptions in lymphocyte metabolism
and function have been observed in different inflammatory, metabolic, and autoimmune pathologies. Regular physical exercise and
physical activity offer protection against several chronic pathologies, and this benefit has been associated with the anti-inflammatory
and immunomodulatory effects of exercise/physical activity. Chronic exercise induces changes in lymphocyte functionality and
substrate metabolism. In the present review, we discuss whether the beneficial effects of exercise on lymphocyte function in health
and disease are associated with modulation of the glucose and glutamine metabolic pathways.
Este é um blog feito por amigos, iniciativa de Marco Carlos Uchida e Reury Frank P. Bacurau, ambos profissionais de Educação Física, com mestrado e doutorado pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, Uchida é professor da Faculdade de Educação Física (FEF) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Frank professor do curso de Educação Física e Saúde da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP.
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
Doenças Metabólicas e Sistema imune
A cada dia fica mais clara a associação entre alterações metabólicas "patológicas" e a deterioração do sistema imune causada por tais alterações. Por outro lado, a prática regular de exercícios tende a ajustar o metabolismo e consequentemente o sistema imune. Entenda um pouco mais como isso acontece nessa revisão que publicamos esse ano. Abaixo o resumo:
domingo, 16 de março de 2014
Emagrecer e preservar a massa muscular: a importância do treinamento de força.
Treinamento de força na preservação massa muscular em dietas para perda de peso
By Uchida, M.C. (2014). Publicado na revista Muscle in Form (ano 16, ed. 80, 2014)
O Brasil atualmente é o segundo país com o maior número de academias de ginástica no mundo com aproximadamente sete milhões de alunos matriculados, perdendo apenas para os Estados Unidos. Portanto, poderíamos imaginar que os brasileiros estão mais envolvidos com a prática regular de exercícios físicos, e com isso um maior controle em relação ao excesso de peso, obesidade e as doenças relacionadas, como o diabetes e as doenças cardiovasculares. Mas, infelizmente não é isso que está sendo verificado, segundo os dados do Portal Brasil, praticamente 50% dos brasileiros adultos estão com excesso de peso (52,6% homens e 44,7% mulheres). Como fazer para reverter ou pelo menos controlar essa situação preocupante? Acho que todos sabem, o principal é gerar um balanço calórico negativo (em média 500 a 1000 Kcal/dia), ingerir menos e gastar mais calorias nas 24h do seu dia, isso se dá através de uma reeducação alimentar (ingerir menos alimentos processados, gordurosos, doces e refrigerantes e aumentar a ingestão de cereais, frutas, legumes, hortaliças [mais fibras na dieta]) e uma prática regular de atividades físicas, como exercícios aeróbios (caminhadas, natação) e de força (musculação).

Para a perda de peso o mais comum e decisivo é o controle da ingestão alimentar, essa muitas vezes é sinônimo de restrição calórica, lembrando que o gasto energético de repouso de um homem (70kg) é de aproximadamente 1700 Kcal e de uma mulher (58Kg) 1340 Kcal, ou seja, em um dia geralmente pode-se gastar em média de 2000 a 2500 Kcal dependendo do grau de atividades que a pessoa realiza. Dietas baseadas em uma ingestão muito baixa em calorias, podem resultar em uma perda rápida de peso, mas também com significativa perda de massa magra (ex. massa muscular), chegando a representar 40% do perda total de peso. A introdução de exercícios aeróbios também é uma prática importante, principalmente porque pode gerar um gasto energético significativo (maior que 500 Kcal) em função do seu volume (longo tempo e/ou distância percorrida), além do seus benefícios cardiovasculares e metabólicos, porém apenas o estímulo de exercícios aeróbios baixa intensidade nessas dietas severas (ex. 800 Kcal) não é suficiente para manter a massa muscular, uma pesquisa de Bryer e colaboradores (1999) feita com adultos obesos mostrou que após 12 semanas nessas condições descritas acima, eles perderam 18kg de peso, mas 22% desse total foi massa magra. Quais as consequências dessa perda? Há também uma redução na força e potência, o que em um individuo adulto jovem não teria grandes comprometimentos, mas em um idoso poderia ser mais danoso na questão funcional, diminuindo a sua capacidade para executar as tarefas da vida diária (ex. as atividades domésticas, ou subir escadas). Outro ponto negativo é a diminuição da taxa metabólica de repouso, que não seria muito grande, mas contribuiria para uma gasto energético menor durante o dia, algo ruim para quem quer emagrecer.

Qual seria a solução para manter a massa muscular e o gasto energético? A resposta é simples, o treinamento de força, a musculação. Porém, quando o praticante ou aluno está com excesso de peso e logicamente tem por objetivo a perda de gordura, muitos instrutores colocam eles apenas nos exercícios aeróbios (ex. caminhada, corrida, pedaladas) e/ou na sala de musculação com exercícios de baixa intensidade (peso leve) e com altas repetições (ex. 2 a 3 séries de 20 repetições por exercício), longe das repetições máximas (RM). Esse tipo de treinamento corresponde ao objetivo de melhora da resistência muscular, e pode não ser o mais eficiente na questão do aumento da força e manutenção (ou até aumento) da massa muscular, principalmente por longos períodos (mais de três meses).
Esta matéria tem por objetivo destacar que mesmo para aqueles que possuem o objetivo principal, a perda de peso, o importante é a perda da gordura e a preservação ou aumento da massa muscular e força, e para isso é necessário um treino com menor volume e maior intensidade, característico das sessões de exercícios para hipertrofia muscular (ex. 3 séries de 8 a 12 repetições [pesado]), próximo das repetições máximas. Um trabalho clássico nesta área é a de Ballor e colaboradores (1988) onde mulheres obesas submetidas a uma dieta com 1000 Kcal a menos que o normal, durante oito semanas e praticando o treinamento de força (3 vezes por semana, 3 séries de 10 repetições [sendo a última série chegando a exaustão]), gerou aproximadamente uma perda total de peso de quatro quilos (4 Kg), diminuição de quatro quilos e meio (4,5Kg) gordura e aumento de meio quilo (0,5 Kg) de massa magra e ainda uma elevação da força muscular. E como seria uma restrição calórica em idosos obesos? De acordo com o artigo de Frimel, Sinacore e Villareal (2008), esses idosos foram submetidos a uma dieta que levasse a um deficit energético diário de 750 Kcal (com distribuição de macronutrientes: 20% proteína, 30% gordura e 50% carboidrato) e ainda adicionado um programa de treinamento com exercícios de flexibilidade, equilíbrio, aeróbio (baixa intensidade) e força (alta intensidade de forma progressiva, chegando a treinar com 3 séries de 8 a 12 repetições [85%1RM]). Após seis meses, eles diminuíram a gordura corporal com uma leve perda da massa magra, porém, muito inferior ao grupo que só realizou a dieta. E ainda aumentaram a força de membros inferiores e superiores, muito importante para o bom desempenho das atividades da vida diária (AVD).
Um bom emagrecimento, além da perda da gordura deve ser acompanhado pela preservação da massa muscular, e não apenas o retrato da diminuição do peso absoluto registrado pela balança. E a melhor forma para isso é inclusão da prática do treinamento de força, musculação, portanto associe essa a sua reeducação alimentar para manter a força e a musculatura.
Mais informações:
BALLOR D.L., KATCH V.L., BECQUE M.D., MARKS C.R. Resistance weight training during caloric restriction enhances lean body weight maintenance. Am J Clin Nutr. 47:19-25, 1988
BRYNER, R.W. et al. Effects of resistance vs. aerobic training combined with an 800 calorie liquid diet on lean body mass and resting metabolic rate. Journal of the American College of Nutrition, v. 18, n. 2, p. 115-121, 1999.
FRIMEL, T.N.; SINACORE, D.R.; VILLAREAL, D.T. Exercise attenuates the weight-loss-induced reduction in muscle mass in frail obese older adults. Medicine and science in sports and exercise, v. 40, n. 7, p. 1213, 2008.
MEIRELLES, C.M.; GOMES, P.S.C. Acute effects of resistance exercise on energy expenditure: revisiting the impact of the training variables. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 10, n. 2, p. 122-130, 2004.
PORTAL BRASIL. Pesquisa indica que quase metade dos brasileiros está acima do peso. http://www.brasil.gov.br/saude/2012/04/pesquisa-indica-que-quase-metade-dos-brasileiros-esta-acima-do-peso
VOLEK, J.S.; VANHEEST, J.L.; FORSYTHE, C.E. Diet and exercise for weight loss. Sports Medicine, v. 35, n. 1, p. 1-9, 2005.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
Exercício Físico e vacinação
Como
todos sabemos, nosso organismo está em constante tentativa de se adaptar ao
ambiente. No caso do sistema imune (SI), a adaptação consiste em reconhecer
possíveis agentes causadores de doenças e produzir contra eles respostas
específicas. Ou seja, anticorpos (produzidos pelos linfócitos B) e células T
ativadas contra o dado agente patogênico.
Essa
capacidade imune foi explorada no século XVIII pelo médico inglês Edward Jenner
que, ao injetar pus de feridas de vacas infectadas com varíola bovina em um
menino de quatorze anos, conseguiu imuniza-lo contra a varíola humana, uma
doença que matava muitas pessoas nessa época. A imunização só foi possível pelo
fato dos causadores da doença na vaca e na criança serem bem parecidos. Assim, o menino, ao
produzir anticorpos e linfócitos T contra o causador da varíola bovina acabou,
“por tabela” gerando medidas adaptativas eficientes contra a doença em humanos.
A
vacinação é hoje a forma mais eficiente e com melhor custo-benefício para
prevenção de doenças. Infelizmente, para que uma vacina funcione ela precisa
provocar o sistema imune com uma eficácia tal que este sistema possa responder de
forma adaptativa. Na prática, diversos fatores afetam a eficácia das vacinas
sendo uma delas a idade. Por exemplo,
para adultos jovens a vacina para a gripe tem uma eficiência de 70%a 90%
enquanto que num idoso essa eficácia é de apenas 17-53%! Além da idade
cronológica, outros fatores como ser portador de determinadas condições (ex.
diabetes, doença cardiovascular, alguns tipos de câncer, osteoporose, estresse
crônico ou depressão, consumo excessivo de álcool dentre outros) também reduzem
a eficácia de uma dada vacina.
O
exercício físico, ao contrário é um fator ambiental descrito na literatura
científica como capaz de aumentar a eficácia das vacinas. Alguns aspectos
interessantes disso é que tanto o exercício agudo como o crônico seriam capazes
de otimizar o efeito das vacinas. O exercício agudo pelo aumento temporário
(durante e/ou logo após o término) de vários aspectos da funcionalidade imune
já o exercício crônico pelo fato da imunidade ser fortalecida pelo exercício
crônico. Além do que o exercício parece só ter eficácia no caso de vacinas que
apresentam baixa eficácia (ou seja, se a vacina per se já tem boa eficácia o
exercício praticamente não influencia).
O
propósito deste texto é introduzir esse tópico é informar mais esse efeito do
exercício e não discutir, nesse momento, profundamente os artigos que tratam
desse campo de estudo (do exercício atuando como estimulador do efeito da
vacinação). Nesse sentido, para aqueles que desejam se aprofundar recomendo a
recente revisão de Pascoe e colaboradores (2013).
Serão
ainda necessários diversos estudos para que sejam estabelecidos os protocolos
ideais para que o exercício promova o máximo de resposta à vacinação. De
qualquer maneira, na supracitada revisão, conclui-se haver evidências iniciais
de que o exercício agudo (15-30 minutos antes) bem como o crônico potencializam
a resposta à vacinação, especialmente em indivíduos que normalmente apresentam
resposta imune comprometida (a maior parte dos estudos é com idosos).
Acreditamos
que essa seja uma importante era de pesquisa e que ela acabará revelando mais
um momento para a prescrição do exercício (antes da vacinação) e/ou explicando
como, pelo menos em parte, o exercício físico crônico contribui para a melhoria
da saúde via melhoria da imunidade.
Ref - Brain Behav
Immun. 2013 Oct 11.
pii: S0889-1591(13)00502-3. doi: 10.1016/j.bbi.2013.10.003. [Epub ahead of
print]
The effects of exercise on vaccination responses: A
review of chronic and acute exercise interventions
in humans.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
VAMOS FAZER UMA ATIVIDADE FÍSICA? QUE TAL A CORRIDA? MAS POR ONDE COMEÇAMOS? PELOS TÊNIS?
por Vitor Tessutti*
Por mais que digamos que a corrida é
uma das atividades mais simples de se praticar percebemos que cada vez os tênis
de corrida ficam mais tecnológicos. Desde o surgimento do primeiro calçado de
corrida em 1852 (www.calcadoesportivo.com) até os dias atuais, muito evoluiu.
Já se fez de tudo um pouco, colocando a pregos na sola para melhorar a
aderência, utilizando a borracha como sola, sendo moldada até em máquinas de
fazer waffle, chegando mais atualmente a
colocar um chip para identificar movimentos do pé e efetuar correções em sua
rigidez, ou definir velocidade e distância percorrida.
Parece
que, entre o antigo e o moderno, muita coisa mudou. Mudou tanto ao ponto de se
pensar em abolir os tênis para corrermos, na tentativa de buscar uma corrida
mais natural como nossos ancestrais na época das cavernas. A justificativa de Lieberman (2012) para isso é melhorar a força
e a propriocepção do pé, diminuir o impacto, e torná-lo menos “preguiçoso” por
todas as funções que o calçado pode apresentar (solas rígidas, suportes de arco
plantar e o controle da pronação).
Em uma posição intermediária entre os
tênis de corrida com sola relativamente alta buscando mais amortecimento, e a
corrida descalça buscando as origens surgiram os tênis minimalistas. Afinal, a
indústria calçadista não poderia perder a possibilidade de vender tênis caso
esta onda da corrida natural realmente vingasse. Com o surgimento desse tipo de
tênis, a proposta é a de proteção do pé, mas deixando-o livre para que o pé e
os seus dedos possam agir mais livremente. Assim, estes tênis têm a
característica de serem muito flexíveis favorecendo uma maior interação do pé
com o solo.
Utilizando-se um tênis como este de
uma forma aguda, ou seja, correndo com ele sem adaptação prévia, percebeu-se
que corredores bem treinados, sem experiência prévia de corrida descalça,
apresentaram uma maior tendência em correr com o meiopé e antepé (contato com o
solo com o pé todo e com a ponta do pé) quando corriam com tênis minimalistas e
descalço (Paquette e colaboradores, 2013).
De uma forma mais crônica percebeu-se que
mesmo com a utilização dos tênis minimalistas por um período de sete semanas de
adaptação não se obteve alguns benefícios esperados como a redução da taxa de
impacto no corpo. Os resultados mostraram que a taxa da força vertical (força
relacionada ao surgimento de algumas lesões) com o uso do tênis minimalista foi
significativamente maior que a situação calçada, mas significativamente menor
que a situação descalça. O pesquisador afirma que após as 7 semanas, o pé ainda
não é capaz de perceber o impacto ou o desconforto no tendão do Calcâneo. Ele
afirma ser necessário um período maior para ocorrerem as adaptações esperadas (Schütte,
2012).
Agora, para os mais céticos quanto ao uso dos
calçados para correr que ainda preferem o bom e velho tênis com calcanhar mais
alto, com mais material que amorteça a corrida existem algumas informações
importantes a serem levantadas. Primeiro, o valor que um corredor gasta na
compra de um tênis vale o quanto ele diz que traz de benefícios a seus pés e ao
seu organismo? Um estudo realizado na Escócia comparou
tênis de 3 faixas de valores:
equivalente a 120 a 135 reais, denominados de barato; 180 e 195 reais,
denominados de médio; e 210 a 225 reais
denominados de caros (acrescente aí um percentual considerável em impostos se
pensarmos nos tênis vendidos aqui no Brasil) de somente 3 fabricantes
diferentes. Os autores concluiram que os calçados de baixo e médio custo
forneceram o mesmo (se não melhor) amortecimento que os calçados mais caros das
mesmas marcas (Clinghan e colaboradores, 2007).
Isso mesmo, os tênis mais caros não obtiveram uma classificação de maior
conforto que os demais.
Em relação à sua durabilidade a pergunta que se
faz é: por quantos quilômetros um tênis deve ser usado? Um estudo nacional
mediu o comportamento biomecânico dos tênis com uma rodagem de 300 km, fazendo
medições a cada 100 km, e concluiu que até essa distância, 300 km, os tênis não
demonstraram nenhuma variável que pudesse demonstrar necessidade de serem
trocados (Bianco e colaboradores, 2011).
Já em relação a como comprar um tênis a
pergunta é: será que a marca pela qual mais simpatizo ou que meu amigo me
indicou será a melhor para a minha corrida? Um estudo da Universidade
Duisburg-Essen, na Alemanha, suspeitava que a marca e sua imagem tivesse uma
influência muito forte sobre os corredores no julgamento subjetivo da qualidade
do calçado. Os atletas correram em esteira, em sua velocidade de costume,
visualizando parcialmente o tênis (parte superior do calçado, sem ver a marca,
denominado de teste aberto) e sem visualizar nenhuma parte do calçado
(denominado teste fechado). Cinco modelos de marcas conhecidas (Adidas, Asics,
Brooks, New Balance e Nike) e uma marca de baixo custo (Deichmann) foram
escolhidos. Os resultados demonstram uma
grande diferença entre os modelos nas notas dadas pelos corredores nas
condições aberta e fechada. Os modelos de marcas conhecidas receberam as
melhores notas no teste aberto. O tênis desconhecido (DE) somente obteve uma
melhor classificação na condição do teste “cego”. Para a condição de corrida
com o tênis com a marca encoberta, o tênis de marca desconhecida obteve valores
melhores que os tênis de Adidas e Asics. Similarmente, os resultados de
percepção de atenuação de impacto foram sempre melhores nas marcas conhecidas e
pior na desconhecida (Hennig e Schulz, 2011). Isso mostra que devemos acreditar
mais em nossa percepção e nem tanto em propagandas.
E para finalizar, uma pergunta que vejo como
muito interessante é: existe função para a alternância de pares de tênis nos
treinamentos e provas de corrida? Malisoux e colaboradores (2013) tiveram como objetivo determinar se os
corredores que usavam concomitantemente diferentes pares de tênis estavam menos
sujeitos a lesões relacionadas à corrida.
Um terço dos 264 participantes se lesionaram na corrida durante a
realização do estudo. Os corredores que utilizavam mais de um tênis tiveram um
índice de lesões 39% menor que os que utilizavam um único tênis. As
estatísticas dos dados obtidos identificaram que o uso de mais de um par de
tênis nos treinamentos foi um fator de proteção. Os autores do estudo concluem
que usar somente um tênis para correr e praticar somente a corrida são
estratégias que podem facilitar o surgimento de lesões pela não variação da
carga a que o corpo é submetido. Esta falta de variação é tanto em relação ao
calçado como à modalidade. Portanto, ter pelo menos dois tênis e fazer outra
modalidade esportiva pode ser muito útil para a sua vida como corredor
(Malissoux e colaboradores, 2013).
Enfim, acho que
consegui mostrar como a corrida não é tão simples quanto parece. Além dessas,
tem diversas outras questões que poderão ser abordadas no futuro já que aqui
procurei me ater mais aos tênis que utilizamos.
1. Lieberman, DE. (2012) What we can learn
about running from barefoot running: an evolutionary medical
perspective.Exerc Sport Sci Rev. 2012 Apr;40(2):63-72. Erratum in Exerc Sport Sci Rev. Jul;40(3):185.
2. Paquette, M R; Zhang, S;
Baumgartner, L D. (2013). Acute effects of barefoot, minimal shoes and running shoes on
lower limb mechanics in rear and forefoot strike runners, Footwear Science , 5:1, 9-18
3.
Schütte, K. H. The Effect of Minimalist Shoe Training on
Lower Limb Kinematics and Kinetics in Experienced Shod Runners .[dissertação].
Faculdade
de Educação. Universidade de Stellenbosch- Africa do Sul. Dezembro 2012.
4. Clinghan, R;Arnold, G. P; Drew,T.S; Cochrane,L. A.,
Abboud,R. J. (2007) Do you get value for money when you buy an expensive pairof
running shoes?Br J Sports Med ;0:1–5.
5.
Bianco, R; Azevedo,
A. P. S; Fraga, C. H. W., Acquesta, F.M; Mochizuki, L; AMADIO, A.
C; SERRÃO, J. C. (2011) The influence of
running shoes cumulative usage on the ground reaction forces and plantar pressure
responses. Rev.
Bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.25, n.4, p.583-91, out./dez.
6. Hennig, E.& Schulz, J. (2011). Subjective evaluation of biomechanical shoe
properties during blinded and non-blinded running. Footwear Science. ,
3:sup1, S75-S76.
7. Malisoux, L., Ramesh, J., Mann, R.,
Seil, R., Urhausen, A., &Theisen, D.(2013). Can parallel use of different running
shoes decrease running‐related injury risk?. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports.
* Bacharel em Esporte (EEFEUSP), Mestre em Ciências da Reabilitação (FMUSP), Sócio da Clinica da Corrida, Professor Universitário, Personal Trainer e corredor nas horas vagas.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Professores Frank e Uchida preparados para as batalhas...
Aqui uma foto nossa, parceiros na vida acadêmica, mas principalmente amigos na vida diária.
Em breve teremos mais matérias interessantes com diversos temas. E para enriquecer o nosso blog iremos convidar competentes amigos para escrever e compartilhar o conhecimento deles.
Em breve teremos mais matérias interessantes com diversos temas. E para enriquecer o nosso blog iremos convidar competentes amigos para escrever e compartilhar o conhecimento deles.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
Dor Muscular de Início Tardio - uma breve explicação
Clique no título ao lado para assistir: Dor Muscular de Início Tardio - uma breve explicação
Apresentação realizada em outubro de 2013 pelo site Evidência Saúde (http://www.evidenciasaude.com.br/).
Apresentação realizada em outubro de 2013 pelo site Evidência Saúde (http://www.evidenciasaude.com.br/).
segunda-feira, 20 de janeiro de 2014
Treinamento intervalado de alta intensidade, Uchida (2013) - publicado na revista Muscle in Form 2013 (ano 15, ed.79]
O treinamento intervalado de alta intensidade (high intensity interval training-HIIT) surge na “praça” como algo novo e revolucionário, principalmente para aqueles que possuem pouco tempo e querem um resultado na melhoria principalmente da capacidade cardiorrespiratória, muscular e da diminuição da gordura corporal (Schoenfeld e Dawes, 2009), e logicamente estão aptos ao forte trabalho. Mas, como tudo na área da atividade física, nada é plenamente novo, mas uma reinvenção com boa divulgação. A prática dos treinos intervalados de alta intensidade já foi parte da preparação física de atletas expressivos de resistência aeróbia, como Paavo Nurmi atleta de meia e longa distância da década de 1920, ou ainda do extraordinário Emil Zatopek que na década de 1950 popularizou ainda mais a divulgação de tal método de treino (Buchheit e Laursen, 2013a).
Os estudos sobre HIIT nos dias de hoje não estão apenas com um olhar na melhora do rendimento esportivo, como na diminuição das marcas em corridas no atletismo. Existem pesquisas demonstrando que esse tipo de metodologia de treinamento é capaz de melhorar a capacidade cardiovascular e respiratória, a pressão arterial, a função contrátil do músculo cardíaco e a sinalização do hormônio insulina (controla a glicose no sangue) (Tjnna et al., 2008), e além disso pode gerar um grande gasto energético, resultando em uma significativa diminuição da gordural. Porém, deve-se deixar claro que o treinamento intervalado de alta intensidade deve ser praticado por individuos que estejam realmente aptos a realizar esse tipo de prática, com uma sólida base fisiológica e musculo-articular, resultado de um treinamento progressivo, e uma boa saúde cardiovascular (pessoas com idade acima de 35 anos, é indicado um check-up cardiovascular e metabólico prévio com um médico).
O treinamento intervalado de alta intensidade é representado pela execução de repetidas séries de exercícios [ex. corrida (tiros), ciclismo, natação] de alta intensidade, podendo ser inferior a 45 segundos, denominada curta duração, e de 2 a 4 minutos denominada longa, intercaladas por períodos de recuperação. A duração total do treino entre 5 a 40 minutos, incluindo os períodos de recuperação (Buchheit e Laursen, 2013a, b). Os intervalos de alta intensidade são realizados acima do limiar de lactato (i.e. ponto onde há um acúmulo de lactato no sangue, a remoção não supera a produção de ácido láctico), próximo da capacidade aeróbia máxima (VO2max), e da fadiga, essa série ou intervalo de alta intensidade é seguida de um intervalo de baixa intensidade, período de recuperação, que permite que o organismo faça o tamponamento (i.e. deixe o meio menos ácido) e metabolize o ácido láctico do músculo e sangue, permitindo assim que o praticante se recupere para a próxima série de alta intensidade (Schoenfeld e Dawes, 2009). A intensidade pode ser controlada e monitorada utilizando uma escala de percepção de esforço (PSE), como a escala de Borg [ex.: CR-10 (0-10) ou de 6-20], onde o indivíduo deve manter a intensidade ou sensação de “pesado” [≥6 na escala (CR-10) ou ≥15 (escala 6-20)] ou “muito pesado” em cada treino. A PSE além de ser prática, respeita a individualidade de cada um, e reflete o grau de estresse gerado sobre os aspectos fisiológicos, bioquímicos e psicológicos. A utilização do percentual da frequência cardíaca máxima para o controle da intensidade do treino nem sempre é a melhor ferramenta para a prescrição, pois essa não reflete precisamente a intensidade, principalmente, durante os tiros de alta velocidade e curtíssima duração (inferiores a 30 segundos) (Buchheit e Laursen, 2013a). Em função da sua característica intensa, vale destacar a importância da necessidade da inclusão de sessões de recuperação, ou seja, treinar todos os dias em alta intensidade e adicionamento fazer outros treinos como musculação pode ser demais para o organismo, levando a queda do desempenho, maior susceptibilidade a lesões, e possível queda da imunidade. Por isso é necessário um planejamento, baseado nos principios da sobrecarga e recuperação, com cuidado nos dias após o treino HIIT, que devem ser menos intensos, talvez alternando dias mais fortes (ex.: HIIT), médios (ex.: duração média, treino intervalado ou contínuo) e fracos (ex.: baixa intensidade, mais longo e contínuo).
A utilização do HIIT parece ser uma alternativa boa para a perda da gordura, melhora do funcionamento cardiorrespiratório e da saúde, pricinpalmente comparados aos intermináveis treinos aeróbios de longa duração e intensidade moderada. Porém, importante destacar mais uma vez que em função da sua natureza de alta intensidade deve ser feita com cuidado, onde previamente o praticante deve estar apto a essa exigência física e fisiológica, assim não causando nenhum efeito negativo a saúde.
Referências bibliográficas:
Buchheit , M.; Laursen, P.B. High-Intensity Interval Training, Solutions to the Programming Puzzle part I. Sports Medicine , v. 43, p. 313–338, 2013a.
Buchheit , M.; Laursen, P.B. High-Intensity Interval Training, Solutions to the Programming Puzzle part II. Sports Medicine , v. 45, p. xxx–xxx, 2013b.
Laursen, Paul B.; Jenkins, David G. The scientific basis for high-intensity interval training. Sports Medicine, v. 32, n. 1, p. 53-73, 2002.
Schoenfeld, B.; Dawes, J. High-Intensity Interval Training: Applications for General Fitness Training. Strength and Conditioning Journal, v. 31, n. 6. P.44- 46, 2009.
Tjønna A.E. et al. Aerobic interval training versus continuous moderate exercise as a treatment for the metabolic syndrome: A pilot study. Circulation 118: 346–354, 2008.
Os estudos sobre HIIT nos dias de hoje não estão apenas com um olhar na melhora do rendimento esportivo, como na diminuição das marcas em corridas no atletismo. Existem pesquisas demonstrando que esse tipo de metodologia de treinamento é capaz de melhorar a capacidade cardiovascular e respiratória, a pressão arterial, a função contrátil do músculo cardíaco e a sinalização do hormônio insulina (controla a glicose no sangue) (Tjnna et al., 2008), e além disso pode gerar um grande gasto energético, resultando em uma significativa diminuição da gordural. Porém, deve-se deixar claro que o treinamento intervalado de alta intensidade deve ser praticado por individuos que estejam realmente aptos a realizar esse tipo de prática, com uma sólida base fisiológica e musculo-articular, resultado de um treinamento progressivo, e uma boa saúde cardiovascular (pessoas com idade acima de 35 anos, é indicado um check-up cardiovascular e metabólico prévio com um médico).
O treinamento intervalado de alta intensidade é representado pela execução de repetidas séries de exercícios [ex. corrida (tiros), ciclismo, natação] de alta intensidade, podendo ser inferior a 45 segundos, denominada curta duração, e de 2 a 4 minutos denominada longa, intercaladas por períodos de recuperação. A duração total do treino entre 5 a 40 minutos, incluindo os períodos de recuperação (Buchheit e Laursen, 2013a, b). Os intervalos de alta intensidade são realizados acima do limiar de lactato (i.e. ponto onde há um acúmulo de lactato no sangue, a remoção não supera a produção de ácido láctico), próximo da capacidade aeróbia máxima (VO2max), e da fadiga, essa série ou intervalo de alta intensidade é seguida de um intervalo de baixa intensidade, período de recuperação, que permite que o organismo faça o tamponamento (i.e. deixe o meio menos ácido) e metabolize o ácido láctico do músculo e sangue, permitindo assim que o praticante se recupere para a próxima série de alta intensidade (Schoenfeld e Dawes, 2009). A intensidade pode ser controlada e monitorada utilizando uma escala de percepção de esforço (PSE), como a escala de Borg [ex.: CR-10 (0-10) ou de 6-20], onde o indivíduo deve manter a intensidade ou sensação de “pesado” [≥6 na escala (CR-10) ou ≥15 (escala 6-20)] ou “muito pesado” em cada treino. A PSE além de ser prática, respeita a individualidade de cada um, e reflete o grau de estresse gerado sobre os aspectos fisiológicos, bioquímicos e psicológicos. A utilização do percentual da frequência cardíaca máxima para o controle da intensidade do treino nem sempre é a melhor ferramenta para a prescrição, pois essa não reflete precisamente a intensidade, principalmente, durante os tiros de alta velocidade e curtíssima duração (inferiores a 30 segundos) (Buchheit e Laursen, 2013a). Em função da sua característica intensa, vale destacar a importância da necessidade da inclusão de sessões de recuperação, ou seja, treinar todos os dias em alta intensidade e adicionamento fazer outros treinos como musculação pode ser demais para o organismo, levando a queda do desempenho, maior susceptibilidade a lesões, e possível queda da imunidade. Por isso é necessário um planejamento, baseado nos principios da sobrecarga e recuperação, com cuidado nos dias após o treino HIIT, que devem ser menos intensos, talvez alternando dias mais fortes (ex.: HIIT), médios (ex.: duração média, treino intervalado ou contínuo) e fracos (ex.: baixa intensidade, mais longo e contínuo).
A utilização do HIIT parece ser uma alternativa boa para a perda da gordura, melhora do funcionamento cardiorrespiratório e da saúde, pricinpalmente comparados aos intermináveis treinos aeróbios de longa duração e intensidade moderada. Porém, importante destacar mais uma vez que em função da sua natureza de alta intensidade deve ser feita com cuidado, onde previamente o praticante deve estar apto a essa exigência física e fisiológica, assim não causando nenhum efeito negativo a saúde.
Referências bibliográficas:
Buchheit , M.; Laursen, P.B. High-Intensity Interval Training, Solutions to the Programming Puzzle part I. Sports Medicine , v. 43, p. 313–338, 2013a.
Buchheit , M.; Laursen, P.B. High-Intensity Interval Training, Solutions to the Programming Puzzle part II. Sports Medicine , v. 45, p. xxx–xxx, 2013b.
Laursen, Paul B.; Jenkins, David G. The scientific basis for high-intensity interval training. Sports Medicine, v. 32, n. 1, p. 53-73, 2002.
Schoenfeld, B.; Dawes, J. High-Intensity Interval Training: Applications for General Fitness Training. Strength and Conditioning Journal, v. 31, n. 6. P.44- 46, 2009.
Tjønna A.E. et al. Aerobic interval training versus continuous moderate exercise as a treatment for the metabolic syndrome: A pilot study. Circulation 118: 346–354, 2008.
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