À medida que novos estudos são feitos, torna-se cada vez mais comum
relatos sobre os benefícios do exercício para a saúde. Nesse retomada do blog
gostaria de brevemente comentar sobre um artigo de revisão, publicado em 1995
por Atko Viru e Tamara Smirnova, abordando a mesma temática, mas usando um
argumento que considero extremamente importante para profissionais ligados ao
exercício.
A argumentação geral passa pelo tema da alteração da homeostase por
parte do exercício e como o organismo deve ativar mecanismos que evitam que
esse tipo de estresse altere variáveis fisiológicas tais como temperatura
corporal, pH, conteúdo de O2, pressão osmótica, conteúdo de íons e
de água. Por que exatamente essa
variáveis? Porque são aquelas que influenciam a ação enzimática e portanto, se
alteradas, impediriam o funcionamento do metabolismo com consequente morte do
organismo. Nesse contexto, os mecanismos que tentam manter a homeostase ativam
o uso de proteínas, das reservas de energia e de sistemas como o imune para
contrabalancear o estresse induzido no organismo pelo exercício.
Eis que finalmente chegamos ao argumento que mencionei acima como sendo
importante: os autores descrevem que será a “adaptabilidade” do organismo é
quem vai garantir a saúde do indivíduo (ou seja, saúde não seria apenas a
ausência de doenças, mas a capacidade de lidar com causadores de doenças e superá-los).
A adaptabilidade por sua vez, depende da ação dos já mencionados mecanismos de
manutenção da homeostase que (eis aí a pérola) não podem ser melhorados
(fortalecidos) por nenhum tipo de
remédio/droga. Além do mais, os nutrientes
(propagandeados como capazes de aumentar a saúde) seriam capazes de reduzir ou
evitar fatores negativos, mas não de
aumentar a saúde!
Certo, se considerarmos que diversos mecanismos de manutenção da
homeostase são controlados pelos sistemas nervoso, endócrino e imunológico
somente o aumento da funcionalidade desses sistemas poderia por implicação
aumentar a adaptabilidade do organismo e consequentemente melhorar a
saúde. Traduzindo para o exercício, a ação
desses sistemas permitiria suportar o estresse agudo e se adaptar gerando as
conhecidas mudanças orgânicas (ex. melhoria na regulação do sistema nervoso
central e em suas funções; melhorias nas capacidades do sistema endócrino e
sensibilidade alterada a hormônios; maior potencial energético do organismo,
aumento da capacidade do sistema de transporte de oxigênio; melhoria dos
processos oxidativos; melhoria na economia metabólica e funcional; aumento do
número de bombas sódio-potássio; melhoria da resposta imune; efeito
anti-aterosclerótico do treinamento).
Para fecharmos nossa discussão podemos nos perguntar o quê pode aumentar
a capacidade dos três sistemas orgânicos mencionados acima. A resposta: o
exercício/atividade física. Assim, concluindo essa postagem gostaria de
enfatizar a importância de ressaltarmos o fato de que APENAS o estresse do exercício/atividade
física torna o organismo mais forte em relação aos desafios da homeostase que
possa encontrar. Precisamos valorizar mais nossa ferramenta de trabalho: a prescrição
de exercícios.